Sexto capítulo da série exclusiva de Clélia Paes “Cazuza, o tempo não para” te levará ao mundo de um dos maiores gênios da música brasileira
A partir de um determinado momento de seu desenvolvimento, sua mãe passa a apoiar as suas atitudes, mesmo as consideradas errôneas e ilegais com relação à sociedade que vive numa demonstração clara de continuar seduzindo o filho e mantendo ao seu lado, de alguma forma, chegando até mesmo a defendê-lo numa discussão em frente a um prédio que ele dava um pequeno show, completamente bêbado e provocando arruaças. Este comportamento de sua mãe seria completamente impossível, se ela não tivesse, agora, totalmente cega pela paixão por seu filho (mãe permissiva).
O pai continua mesmo com o passar do tempo, não dando valor ao que o filho faz, apresentando sempre um olhar de desprezo para com a sua arte. Arte esta que com a força de Zeca, seu produtor musical, vem ganhando força e certo destaque. João (pai biológico), neste momento, demostra total receio ou medo, do filho estar sim, desenvolvendo seu talento. Inconscientemente, talvez, para João seria melhor que sua mulher continuasse vendo-o como um filho fracassado, e ele, um empresário bem-sucedido.
Interessante observar que numa conversa entre Zeca (“pai afetuoso”) e João (pai biológico), Zeca questiona por que João tinha tanta aversão e desprezo ao trabalho do filho, questionando: “Tá com medo de quê”, como se o talento do filho fosse uma ameaça para o pai.
Em uma de suas turnês, Cazuza expressa toda consciência em relação ao mundo repressor que vivia, tanto politicamente, quanto em relação ao seu pai. Afinal, exatamente, nesta época, vivíamos, ainda, em plena ditadura, como o próprio movimento das “Diretas Já”.
E para lutar contra este mundo tradicional e autoritário, e não ficar como ele via tal mundo, com pessoas carecas e caretas, a sua única arma era gritar (rock) e a própria droga que sempre criava a sensação de liberdade.
Ressalto que neste ponto de sua trajetória artística, apesar de Cazuza gritar e fazer apologia às drogas noto já não ter atitudes tão patológicas, mas, sim, mais consciente da situação política do país, está consciência, política e cultural, tinha como fonte direta a, também, influencia e a atuação de Zeca em sua vida.
Após um show de Caetano no Canecão, onde apresenta, uma música de Cazuza, Zeca, cheio de admiração e orgulho, como se Cazuza fosse o seu próprio filho, leva a gravação da música cantada por Caetano para João ouvir. E simplesmente, a princípio, João não reconhecia a letra como sendo do seu filho, depois, de forma incrédula, após confirmar que a letra, realmente, era de Cazuza, esboça um pequeno sorriso de felicidade.
Zeca, ironicamente, pergunta para João: “Você não reconhece o seu próprio espermatozoide?”
Este parco sorriso de João, expressa o quanto ele, pai, terá dificuldades de lidar com a aparição pública de sucesso do filho!
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*Clélia Paes tem mais de 25 anos na Área da Educação como Linguista, Pedagoga e Psicopedagoga. Agregou a Psicanalise a seu currículo com responsabilidade, ética e transparência!
