Quinto capítulo da série exclusiva de Clélia Paes “Cazuza, o tempo não para” te levará ao mundo de um dos maiores gênios da música brasileira
Em um novo ritual de passagem de dissolução do complexo de édipo, Cazuza resolve e comunica que irá para a Bahia com amigos, o pai não aceita sua resolução e reage de forma autoritária e contrária, impondo sua suposta autoridade, lhe dando um cheque mate, caso ele fosse, não precisaria voltar. Era o álibi que ele precisava para começar a se libertar das forças parentais de autoridade em sua vida.
Enquanto o pai friamente entende que ele precisava se virar sozinho, sua mãe continua querendo-o por perto. Mesmo Cazuza morando sozinho, ela invade o seu apartamento e encontra droga (maconha), com isto, vai se decepcionando com o filho, que ao contrário de ser perfeito, provoca todas as transgressões.
A discussão entre mãe e filho vai alcançado níveis descompensados de agressividade, cada vez maior, a ponto de o filho mandar a mãe “tomar no cu”, claramente, em um surto histérico, literalmente, após a mãe ter jogado toda a maconha no vaso sanitário.
O pai atendendo muito mais a um pedido da mãe, arruma um emprego na gravadora de sua propriedade, apenas para cumprir uma função social sem dar o menor crédito na parte artística do filho, colocando um capataz a quem ele deve ter toda obediência, Zeca.
Surpreendentemente, esse “capataz” passa a apoiar e exercer a função de pai, mais próximo e afetuoso de Cazuza, compartilhando dos seus, pensamentos, de que a vida pode ser feliz. Ele passa a zelar pelo Cazuza, sem castrá-lo, sendo extremamente importante, pois passará a ser “o pai afetivo”, a desempenhar esta função, compartilhando a alegria e felicidade em uma troca, que conduzirá, Cazuza, a um maior amadurecimento.
Em outro momento, entre mãe e filho, ao socorrê-lo por uma pane seca, ele questiona porque sua mãe está emburrada, em resposta, ironicamente, ela diz que continua fazendo tudo o que ele quer “estou tomando no cu”.
Neste momento, onde se alcança um máximo de uma verdade estabelecida do complexo edipiano, ela reforça que faz tudo que ele pede ou quer.
Mais uma vez, ele coloca a sua vida em risco, (Eros e Thanatos), mesmo que em um tom de brincadeira, ameaçando explodir um galão de gasolina em troca de um beijo, para selar a relação amorosa entre ele e a mãe. De certa forma, Cazuza declara que seria capaz de morrer para eternizar esta relação.
Vale citar que Zeca vai assumindo mais e mais a função paterna, no sentido afetuoso, conquistando a admiração e o respeito de Cazuza, sendo a única pessoa a quem ele aceitará a colocação de certas regras e orientações.
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*Clélia Paes tem mais de 25 anos na Área da Educação como Linguista, Pedagoga e Psicopedagoga. Agregou a Psicanalise a seu currículo com responsabilidade, ética e transparência!