A série exclusiva de Clélia Paes “Cazuza, o tempo não para” te levará ao mundo de um dos maiores gênios da música brasileira
Ao longo da história da humanidade, indiscutivelmente, alguns seres sempre irão permear a tênue linha entre a genialidade e a loucura. Algumas histórias, se perdem com o tempo e acabamos por criar mitos, a exemplo de Alexandre o Grande, onde até hoje, muitos historiadores se debatem em versões dos fatos, entre a sua verdadeira grandeza, quase uma deidade, e o que foi miticamente criado.
Outros, apenas trazem discussões filosóficas, se tinham o valor que lhe foi atribuído ou não, a exemplo, de Nietzsche, também seria um louco ou um grande pensador.
Passando pela própria história do Brasil poderia aventar inúmeros nomes, que estariam nesta eterna discussão entre sua genialidade, independente da área, e a sua própria loucura. Qualquer que fosse a minha escolha, caberia, antes de qualquer coisa, uma profunda pesquisa histórico-biográfica.
Partindo desta premissa que em qualquer escolha de algum personagem, haveria e haverá discussões dos fatos, no que tange a veracidade dos mesmos, resolvi optar pela vida de CAZUZA, pelo menos para tentar escapar de discussões culturais, uma vez que CAZUZA é um produto/personagem, genuinamente brasileiro, problemas com versões de traduções e até mesmo pela contemporaneidade do mesmo, com as suas músicas tão atuais nos dias de hoje.
A outra questão que muito me instigou foi o fato de CAZUZA, em sua vida tão polêmica, ter definições como sendo a de um gênio artista, ou até mesmo um simples e apenas marginal, ficando entre o ame ou odeie. Na mesma linha do seu poder carismático, teve uma vida repleta de envolvimentos com muitas outras personalidades de destaque, também, gerando inúmeras polemicas. Mas, principalmente, escolhi este filme, pela participação ativa de sua própria mãe (Lucinha) representada o filme pela atriz Marieta Severo, narrando a maior parte do roteiro, onde, ela mesma, se coloca como uma mãe, excessivamente dedicada, anulando a sua própria vida em função do seu amado e único filho, também, deixando clara a ausência do pai.
Sendo assim a escolha baseia-se em estruturas psicanalíticas enfatizando o complexo de édipo/castração, a dissolução do complexo de édipo, a teoria da libido, narcisismo, neurose e psicose, esquizofrenia, histeria e melancolia.
Ratifico que todas estas estruturas psicanalíticas mencionadas acima e descritas no trabalho são anteriores ao fato do CAZUZA ter sido acometido pela AIDS. Vale lembrar, que para muitos, o motivo de desequilibro e de uma certa revolta em seu ser seria apenas deflagrado após a sua doença. E, na verdade, vejo, ao contrário, a doença física é boa parte da sua cura psíquica.
Trecho final da letra da música, “Só As Mães São Felizes” – Cazuza
“Reparou na inocência
Cruel das criancinhas
Com seus comentários desconcertantes?
Adivinham tudo
E sabem que a vida é bela
Você nunca sonhou
Ser currada por animais
Nem transou com cadáveres?
Nunca traiu teu melhor amigo
Nem quis comer a tua mãe?
Só as mães são felizes…” –
Baseado no filme: CAZUZA, o tempo não para
Ano: 2004
Direção: Sandra Werneck e Walter Carvalho
Produção: Daniel Filho
*Clélia Paes tem mais de 25 anos na Área da Educação como Linguista, Pedagoga e Psicopedagoga. Agregou a Psicanalise a seu currículo com responsabilidade, ética e transparência!